Ah! Saudade ressoou o meu tambor
Num pedaço de terra consagrado na memória
Ôô eu sou um Griô
Viaja o tempo nos rumores da história
Nesse chão debrucei toda força de um rei
Um ébano elo com a natureza
Mas a traição me tornou o alvo
Escravo de quem era minha certeza
Mar me leva, dor no mar
Sou o par da angústia
Tanto irmão à minha volta
Na revolta da maré
Nego tem que ter fé
Ê nego tem que ter fé
Sou eu, a mão que assina a própria sorte
Resistindo a natural pena de morte
Um dia fui escravo da tristeza
Hoje realeza livre do açoite
No samba fiz morada
Refúgio feiticeiro, a tez da noite
Na desfaçatez da madrugada
Guerreiro, Ogã ou Rainha
Juiz, defensor dessa gente
Na luta a vitória é minha
Nos braços não pesam correntes
Ie ie ê alafiá
Ie ie ê alafiá
Meu sangue é a retinta majestade
Eu sou Bangu, o Ilê da liberdade